30 de março de 2010

Receitas com linhaça


A linhaça é um famoso alimento funcional. Deve ser ingerido no máximo 2 colheres de sopa por dia. Para quem não tem o costume de usar este ingrediente a introdução na dieta pessoal deve ser gradual. Como a casca da linhaça é dura, aconselha-se triturar ou aquecer as sementes antes do consumo direto.
Use a linhaça em: iogurtes, saladas, sucos, vitaminas, bolos e pães.

Algumas receitas encontradas na Internet

Pão Integral com Linhaça

Ingredientes:

1/2 xícara de germen de trigo
1 xícara e meia de farinha de trigo integral
3 xícaras de farinha de trigo (branca)
1 colher de sopa de margarina
2 envelopes de fermento biológico seco
1 colherinha de café de sal
1 de sopa de açúcar
3 colheres de sopa de semente de linhaça
4 ovos inteiros
1 xícara e meia de leite morno
semente de linhaça para polvilhar (opcional)

Modo de Preparo:

1. Misture as farinhas, o gérmen de trigo, a linhaça e o fermento seco;
2. Acrescente o leite aos poucos até obter uma massa lisa que desgruda da mão;
3. Depois de sovar bem a massa deixe descansar por meia hora e divida em dois pedaços;
4. Com a ajuda de um rolo, abra a massa e enrole;
5. Coloque as massa numa forma e deixe crescer por mais vinte minutos e pincele com uma gema de ovo batida e polvilhe com as sementes de linhaça;
6. Asse em forno médio até ficar dourado.

Dica: O pão dura de 3 a 5 dias em temperatura ambiente. Na geladeira pode ser conservado por até 10 dias e no freezer por 3 meses. Você poderá cortar o pão em fatias finas e fazer deliciosas torradas


Bolo de banana com linhaça

20min - 12 porções

Ingredientes

3 bananas grandes picadas
1 xícara de chá de óleo (girassol, canola etc)
4 ovos inteiros
2 xícaras de chá açúcar
100 g de linhaça
2 xícaras de chá de farinha de trigo
1 colher sopa de fermento

Modo de Preparo

1. Bater no liqüidificador os 5 primeiros ingredientes bem batido.
2. Depois juntar a farinha, aos poucos, e bater.
3. Colocar o fermento e terminar de bater.
4. Coloque a massa numa forma grande untada e enfarinhada
5. Levar ao forno médio pré - aquecido (aproximadamente 210º graus) até que esteja dourado e, furando com um palito, este saia limpo.
6. Caso deseje, pode cortar bananas em fatias para colocar por cima da massa e polvilhar açúcar e canela antes de ir ao forno.


Vitamina com linhaça

1 porção

Ingredientes

4 colheres de sopa de leite em pó
2 colheres de sopa de mel
2 colheres de sobremesa de farinha de aveia
250 ml de água
2 unidades de banana nanica
1 colheres de sopa de sementes de linhaça
1 unidades de ovo

Modo de preparo

Bata todos os ingredientes no liquidificador e sirva.


Receita de Pão de Liqüidificador com Linhaça

Ingredientes:

2½ tabletes de fermento biológico
1 ovo
2 colheres (sopa) de sementes de linhaça
2 xícaras (chá) de água
1 xícara (chá) de farinha de trigo branca
2 xícaras (chá) de farinha de trigo integral fina
1 xícara (chá) de uvas passas pretas sem sementes
1 colher (sopa) de extrato de soja
1 colher (sopa) de açúcar mascavo

Preparo

Bata no liqüidificador a água, o ovo, o açúcar, o sal, o extrato de soja, a semente de linhaça e o fermento. Coloque numa vasilha, junte as farinhas, misture bem e acrescente as passas. Coloque em duas fôrmas para pão untadas e enfarinhadas, deixe descansar por 10 minutos e leve para assar em forno quente por aproximadamente 30 minutos.


Vegetais com Linhaça

4 porções - 30 minutos
Calorias: 144 por porção
Proteínas: 5,5g
Carboidratos: 18,1g
Gorduras: 7,1g

Ingredientes

1 colher (sopa) de óleo de canola (8g)
1 cebola picada (100g)
1 abobrinha pequena em cubos (100g)
1 ½ xícaras (chá) de couve-flor em pedaços (200g)
1 ½ xícaras (chá) de brócolis em pedaços (200g)
1 xícara (chá) de cogumelos frescos em pedaços (150g)
½ xícara (chá) de cenoura em cubos (100g)

Molho
2 colheres (sopa) de sementes de linhaça inteiras ( 25g)
1 dente de alho amassado (2g)
1 colher (sopa) de gengibre fresco ralado (15g)
¼ xícara (chá) de caldo de galinha (50ml)
2 colheres (sopa) de molho de soja (25ml)
1 colher (sopa) de vinagre (10ml)
1 colher (chá) de açúcar (5g)]

Para polvilhar
1 colher (sopa) cheia de sementes de linhaça tostadas (15g)

Modo de preparo:
Refogue no óleo, a cebola, a abobrinha, a couve-flor, o brócolis, os cogumelos e a cenoura por cerca de 10 minutos, mexendo em fogo baixo até que amaciem. Misture os ingredientes do molho e adicione à panela. Deixe mais 5 minutos e sirva polvilhado com a semente de linhaça tostada.
Para tostar as sementes, coloque em uma frigideira e deixe em fogo baixo até que exalem um perfume de nozes, por cerca de 5 minutos.


RECEITA DE FEIJÃO COM LINHAÇA (FARINHA) E SAL DE ERVAS

Ingredientes

100g de feijão carioquinha
10g de cebola
20g de tomate
20g de jerimum (abóbora)
2g de coentro
2g de cebolinha
10ml de óleo
750ml de água
1g de alho
2 colheres (sobremesa) de sal de linhaça (farinha)
2 colheres (chá) de sal de ervas

Modo de Fazer

Primeiro, selecionar o feijão e adicionar quatro partes de água.
Cozinhar de dois a três minutos sob pressão.
Deixar em repouso na mesma água por uma hora (caso o indivíduo sofra de "gases", sugere-se a eliminação da água e acréscimo de outra – mesmo que alguns nutrientes sejam perdidos, os mesmos podem ser compensados com o acréscimo de legumes na preparação, além do jerimum ou abóbora).
Preparar um refogado com os temperos (tempero brasileiro: tomate, cebola, alho, coentro ou salsa e cebolinha).
Acrescentar farinha de linhaça e sal de ervas (mistura previamente feita com partes iguais de: alecrim, manjericão, orégano – desidratados – e sal).
Juntar o refogado ao feijão. Voltar ao cozimento sob pressão por mais 30 minutos (o tempo varia com o tipo do feijão).


Falsa clara com linhaça

INGREDIENTES

1/4 de xícara de SEMENTES DE LINHAÇA
2/4 de xícara de ÁGUA filtrada

MODO DE PREPARAR

1) Coloque a LINHAÇA na xícara e, por cima, a ÁGUA (a xícara ainda ficará 1/4 vazia);
2) Deixe descansar por 3 horas ou um pouco mais;
3) A água ficará geletinosa e essa mistura de água com linhaça poderá ser usada no preparo de bolos, bolinhos e diversos outros pratos, para que os ingredientes dêm "liga" junto com outros que queira adicionar.
DICAS LEGAIS
1) Poderá ser guardado em geladeira, em vasilha bem tampada, por um período de até 2 dias, sem perder seu poder de dar "liga". Não aconselhamos o uso após este prazo, mesmo que em geladeira.
2) A linhaça é altamente nutritiva e quase sem sabor, já que os grãos são duros e não se partem com a mastigação. Em pratos doces (bolos, por exemplo), pode dar a aparência de chocolate granulado.


Receita de Arroz colorido com linhaça

6 porções

Ingredientes

1 xícara (chá) de arroz integral.
6 ramos de brócolis.
1 cebola pequena.
3 colheres (sobremesa) de semente de linhaça.
6 unidades de tomate cereja.
3 colheres (sopa) de milho verde.
2 colheres (chá) de sal refinado.
½ colher (sopa) de azeite de oliva.
2 unidades de alho pequeno.
3 copos médio de água.

Modo de preparo

1 Refogue a cebola e o alho com sal em panela antiaderente.
2 Adicione o arroz e refogue por mais alguns minutos.
3 Coloque a água quente.
4 Deixe cozinhar até ficar ao dente.
5 Higienize os buquês de brócolis e os tomates.
6 Escorra o milho verde.
7 Cozinhe o brócolis no vapor.
8 Adicione o brócolis, o milho e os tomates ao arroz.
9 Mexa delicadamente.
10 Mantenha em fogo baixo por alguns minutos.
11 Arrume o arroz em um pirex, polvilhe as sementes de linhaça.
12 Regue o azeite.
13 Sirva quente.


Molho para Salada com Semente de Linhaça

12 colheres (sopa) - 15 minutos
Calorias: 10 por porção
Proteínas: 0,4g
Gorduras: 0,6g
Carboidratos: 0,7g

Ingredientes

2 colheres (sopa) de sementes de linhaça (16g)
2 dentes de alho amassados (5g)
suco de 1 limão (30ml)
1 tomate sem pele e sem sementes (90g)
½ xícara (chá) de água (100ml)
sal a gosto

Modo de preparo

Bata os ingredientes em um processador e use como tempero de salada verde.


Suco de laranja com maçã e linhaça moída

INGREDIENTES

• 300 ml de suco de laranja natural
• 1 maçã sem semente e sem casca
• 1 colher de sopa de semente de linhaça
• 1 colher de sopa de frutose ou adoçante de sua preferência

MODO DE PREPARO

Bata todos os ingredientes no liquidificador e sirva em seguida


Pão integral de linhaça

INGREDIENTES

½ xícara de chá de germe de trigo
1 ½ xícara de chá de farinha de trigo integral
2 xícaras de chá de farinha de trigo
1 xícara de chá de semente de linhaça moída
1 colher de sopa cheia de margarina
1 colher de sopa de fermento biológico seco
1 colher de café de sal
1 colher de sopa de açúcar mascavo
1 ½ xícara de chá de leite morno
3 colheres de sopa de gergelim
4 ovos

MODO DE PREPARO

Reserve uma gema de ovo para pincelar a massa antes de assá-la. Em um mesmo recipiente, misture todos os ingredientes secos e os ovos. Acrescente o leite aos poucos, até que a massa não grude nas mãos. Sove bastante e deixe crescer por meia hora, de preferência dentro do forno desligado. Divida a massa em dois pedaços e abra com o rolo. Coloque em duas fôrmas untadas com margarina e deixe crescer por mais 20 minutos. Pincele com a gema batida e polvilhe com gergelim. Asse em forno médio-alto (aproximadamente 200 ºC) por cerca de 30 minutos ou até ficar corado.


Receita de Pão Integral com Linhaça

Ingredientes

1 1/2 xícara de farinha de trigo integral
1 1/2 xícara de leite morno
2 saches de fermento biológico seco
1/2 xícara de gérmen de trigo
1 colher cheia de margarina
Sal grosso e semente de linhaça para polvilhar
4 ovos
1 colher de sopa de açúcar
1 colher de café de sal
3 xícaras de farinha de trigo
3 colheres de sopa de semente de linhaça

Modo de preparo

Primeiramente misture todos os ingredientes secos e os ovos, depois disso vá acrescentando o leite morno aos poucos para que assim ele vá dando o ponto da massa, acrescente leite até que se obtenha uma massa lisa e também que ela não esteja grudando na mão. Em seguida sove bem e deixe descansar para que cresce por mais ou menos meia hora, depois de ter descansar essa meia hora divida a massa em dois e abar ela com um rolo e depois enrole e coloque em uma forma para que ela cresça por mais vinte minutos, ante de levar ao forno pincele com gema de ovo batida e salpique o sal grosso e também as sementes de linhaça por cima e deixe com que ele asse em forno médio até que fique corado.


salada com linhaça e quinua

4 porções

Ingredientes

8 folhas de alface crespa, de preferência orgânicas
6 folhas de acelga, de preferência orgânicas
1 tomate em rodelas, de preferência orgânico
1 cenoura média ralada, de preferência orgânica
½ cebola ralada, de preferência orgânica
3 xícaras (chá) de agrião, de preferência orgânicas
2 xícaras (chá) de quinua em grãos cozida
1 colher (sopa) de semente de linhaça triturada
½ xícara (chá) de nozes picadas
½ xícara (chá) de suco de limão
sal marinho a gosto
azeite de oliva extravirgem a gosto

Preparo

1 Lave e higienize todas as verduras.
2 Em uma travessa, misture as folhas, a quinua, a cenoura, o tomate e as nozes picadas.
3 Prepare o tempero misturando o suco de limão com o sal, a cebola e o azeite de oliva e coloque na salada.
4 Finalize salpicando a linhaça e sirva em seguida.


BOLACHA DE AVEIA E LINHAÇA

Ingredientes

200grs FARINHA DE TRIGO INTEGRAL
150grs DE FARINHA DE LINHAÇA
200grs DE FARINHA DE FARELO DE AVEIA
1 E 1/2 XÍCARAS (CHÁ) DE AÇUCAR MASCAVO
200grs DE MANTEIGA EM TEMPERATURA AMBIENTE
2 OVOS INTEIROS E 1 GEMA
3 COLHERES (SOPA) DE ÓLEO, LINHAÇA OU MILHO
4 COLHERES (SOPA) DE AMIDO
3 COLHERES (SOPA) DE FARINHA DE TRIGO ESPECIAL
1/3 XÍCARA (CHÁ) DE LINHAÇA EM GRÃOS
1 COLHER (CHÁ) DE BAUNILHA
1 COLHER (CHÁ) DE FERMENTO EM PÓ

Modo de preparo

PENEIRE A FARINHA INTEGRAL E O AÇUCAR E JUNTE COM A FARINHA DE LINHAÇA, FARELO DE AVEIA, O FERMENTO, O AMIDO, FARINHA ESPECIAL. MISTURE BEM A MANTEIGA AMASSANDO COM UM GARFO FORMANDO UMA FAROFA.JUNTE OS OVOS, O ÓLEO, A BAUNILHA E AMASSE ATÉ FICAR HOMOGÊNEO. DIVIDA A MASSA EM 3 PARTES E PREPARE AS BOLACHAS. FAÇA ROLINHOS, CORTE E ACHATE COM GARFO.
FORNO MODERADO 180ºC POR 10 MINUTOS. FORMA UNTADA E ESFARINHADA.

PARA SABOREAR
JUNTE EM 350grs DA MASSA 1/3 XÍCARA DE UVA PASSA PICADA

EM OUTRA PARTE DE MASSA 1/3 XÍCARA DE XEREM DE CAJU TORRADO LEVEMENTE.
E O RESTANTE NATURAL NÃO DEIXE ASSAR MUITO


BOLO DE LINHAÇA COM PASSAS

INGREDIENTES

200gr de margarina ou 4 colheres de sopa cheias
2 ovos
2 xícaras de açúcar mascavo
1 e 1/2 xícara de farinha de trigo integral
1 colher de sopa cheia de farinha de linhaça
1 colher de sopa cheia de aveia em flocos finos
1 colher pequena de canela em pó
200 ml de leite
1 xícara de passas sem caroço
1 colher de sopa de fermento em pó

Modo de preparo

Bata a margarina com o açúcar até formar um creme. Coloque os ovos, um a um, incorporando-os ao creme. Coloque a farinha, aos poucos, para não perder a leveza, alternando com o leite. Junte a linhaça, a aveia e a canela em pó. Bata por uns 4 minutos na batedeira ou por 6 minutos à mão para que a massa fique homogênea. Junte o fermento e bata mais um pouquinho. Acrescente as passas antes de ir ao fogo e mexa para distribuí-las pela massa. Coloque a massa em uma forma untada e enfarinhada também com a farinha integral em forno aquecido a 180º e asse por cerca de 45 minutos.

DICA DA VOVÓ: Este bolo só deve ser desenformado FRIO, para não desmontar. Fica fofíssimo e delicioso, experimentem é muito saudável.


Receita Salada oriental de lentilha

Ingredientes
250g. de lentilha marrom ou vermelha,
1 pitada de cominho,
1 cebola roxa pequena picada bem fino,
100g de passas de uva branca,
1/2 pimentão vermelho picado,
1/2 pimentão amarelo 2xic. de couve-flor cozida,
2 xícaras de brotos de linhaça ou alfafa,
1 pé de alface e
4 colheres de gergelim tostado
Ingredientes para o molho:
3 colheres de sopa de azeite extra virgem,
4 colheres de sopa de molho de soja ( shoyu),
2 colheres de sopa de salsa picada, sal e pimenta do reino.

Preparo
cozinhe a lentilha com água. Retire do fogo escorra e coloque água fria e escorra novamente para esfriar. Misture os demais ingredientes e o molho e finalize com gergelim tostado.


Fontes:
http://saude.abril.com.br/edicoes/0268/nutricao/conteudo_108464.shtml
http://www.segs.com.br/linhaca.htm
http://www.dietalight.net/2009/08/15/receita-de-pao-integral-com-linhaca
http://tudogostoso.uol.com.br/receita/23063-bolo-de-banana-com-linhaca.html
http://cybercook.terra.com.br/receita-de-vitamina-com-linhaca.html?codigo=12561
http://clubedarosinha.blogspot.com/2007/08/receita-com-linhaa.html
http://www.culinaria-receitas.com.br/arroz/arroz-colorido-com-linhaca.html
http://www.obesidade.com.br/pc/obesidade/xenicare/web/culinaria/canal_receitas/rec_molho_salada_semente_linhaca.asp?sub=6
http://saude.abril.com.br/edicoes/0316/nutricao/conteudo_507157.shtml
http://www.guiagratisblog.com/receita-de-pao-integral-com-linhaca
http://mundoverde.com.br/blog/2010/01/08/receita-de-verao-salada-com-linhaca-e-quinua
http://www.radiotupiam.com.br/receitas/outros/bolacha-de-aveia-e-linhaca
http://www.comerbemcasa.com/bolo-de-linhaca-com-passas
http://clinicanutrissoma.blogspot.com/2009/10/seguindo-os-principios-de-uma.html



- Veja também:
Receitas com amendoim

Receitas de Geléias

26 de março de 2010

Materiais construtivos Mbyá

Por Letícia Thurmann Prudente

Os materiais construtivos da casas construídas pelos Mbyá são recursos naturais típicos do Bioma Mata Atlântica, especialmente da Floresta Ombrófila Densa (Mata Atlântica, stricto senso). São espécies vegetais associadas a valores simbólicos e culturais desse povo. Os Mbyá dão preferência ao uso de algumas espécies por serem consideradas sagradas, principalmente para a construção das casas de reza (opy). Na realidade, são espécies que possuem características físicas adequadas à construção, tais como durabilidade e resistência, mas os Mbyá costumam exaltar mais seus aspectos espirituais. A exemplo, Morinico se refere às espécies arbóreas preferidas como “árvores de alma forte”. Apresenta-se no quadro 2 uma lista das espécies vegetais utilizadas na construção Mbyá.



Essas espécies vegetais listadas no quadro 2 foram identificadas nos tekoá do Estado por alguns pesquisadores locais, tais como Zanin (2006) e Freitas (2004; 2006), reunindo-se, dessa forma, informações de campo averiguadas e bibliográficas existentes. Podem ainda haver ainda outras espécies empregadas na construção Mbyá. Algumas dessas espécies também servem para outros fins, como artesanato, medicina, xamanismo e alimentação, além da construção, segundo Freitas (2004).

No Tekoá Nhüu Porã, foram averiguadas o uso de algumas dessas espécies nas construções das casas de xaxim, sendo que o próprio xaxim (samambaiaçu) foi inserido a essa lista por esse tekoá, já que é o único que o utiliza para esse fim no RS. Serão descritos dados referentes a aspectos físicos e simbólicos das espécies vegetais de maior relevância e preferência para os Mbyá no contexto deste trabalho como: cedro ou yary (Cedrela fissilis), taquara-mansa ou takua eteí (Merostachys clausenii), samambaiaçú ou xaxim (Dicksonia selowiana) e cipós ou yxypó4.

Cedro (Yary)

O cedro (Cedrela fissilis), ou yary em Guarani, é uma das espécies arbóreas preferidas como elemento estrutural por suas características físicas apropriadas e por sua importância na cosmologia Guarani. Os Guarani o relacionam com uma divindade chamada Yvyra Nhamandú (CADOGAN, 2003). É uma espécie associada aos mitos de criação e sustentação do mundo, sendo uma das primeiras árvores criadas para apoiar e sustentar a abóbada celeste, de acordo com Cadogan (1959 apud COSTA, 1989). O karaí do Tekoá Nhüu Porã também cita o cedro como sendo a própria divindade do sol (Nhamandú) na Terra e, por isso, possui muita energia de proteção e cura, devendo ser utilizada na “casa do Guarani” (ASSECAN, 2007, p.14). Cabe citar que o cedro também é utilizado na produção do fogo (elemento fundamental para as culturas indígenas), na medicina tradicional e na produção de artesanato, além de suas sementes alimentarem alguns animais silvestres como o quati (COSTA, 1989; ASSECAN, 2007; FREITAS, 2004).

É utilizado como pilares e vigas nas casas construídas pelos Mbyá, possuindo diâmetros adequados e alturas suficientes para o aproveitamento de apoios em forma de forquilhas. No Tekoá Nhüu Porã foram encontradas algumas espécies de cedro em uma mata ciliar de um arroio próximo, como mostra a figura 34. Também são apresentadas imagens de sua utilização como pilares estruturais e vigas da cobertura nas construções da casa de xaxim.



4.3.3.2 Xaxim (Samambaiaçu)

O xaxim ou samambaiaçu (Dicksonia selowiana) é utilizado como vedação lateral das casas do Tekoá Nhüu Porã especificamente. Sua importância como material construtivo surgiu no RS a partir desse tekoá, já sendo usado como tal nos tekoá existentes na Argentina, segundo o cacique. Esse Mbyá relata que, quando chegaram nesse local, buscaram empregar o xaxim da mesma forma que a palmeira sagrada denominada pindó, da qual utilizam tanto o caule quanto as folhas. No caso do xaxim, utilizam apenas o caule, pois suas folhas não possuem características propícias para serem usadas como cobertura, ou mesmo inseridas nas paredes, como no caso das folhas de pindó.

As paredes das casas de xaxim do Tekoá Nhüu Porã feitas do tronco do xaxim são muito eficientes quanto ao isolamento térmico. Isso se deve ao fato de esse tronco compreender uma massa fibrosa constituída “inteiramente de raízes adventícias entrelaçadas” (FERREIRA, 2004, p.2083). Assim, a parede fica larga e permeável, permitindo a concentração de ar que auxilia no equilíbrio entre a temperatura interna e externa da casa. A figura 35 apresenta espécies de xaxim encontradas na borda da estrada que leva ao Tekoá Nhüu Porã e alguns troncos coletados pelos Mbyá, além da sua utilização nas paredes.



Os Mbyá cortam os troncos de xaxim ao meio no sentido transversal e o colocam verticalmente, intercalando as partes mais largas ora para cima e ora para baixo, como mostra a parede da figura 35. Os troncos dessa figura foram encontrados no tekoá vizinho ao Tekoá Nhüu Porã, no Tekoá Ka ?aguy Pau (Terra Indígena da Varzinha). Os Mbyá desse outro tekoá tinham o objetivo de usá-los para construírem uma casa de artesanato, considerando a referência das casas do Tekoá Nhüu Porã, mas não chegaram a construí-la. Cabe citar que os Mbyá do Tekoá Nhüu Porã, mais especificamente o cacique, chegaram a construir uma casa de xaxim no município de Taquara para o Museu Antropológico do Rio Grande do Sul. Essa foi uma oportunidade de expor a cultura Guarani e de vender o artesanato, segundo narra o cacique. Mas ele também conta que não chegou a ser muito positiva, pois venderam muito pouco artesanato e, com essa casa fora do tekoá, não receberam mais as visitas das escolas locais como ocorria antes.

Os troncos de xaxim eram aproveitados exacerbadamente por floriculturas pela sociedade não-indígena até pouco tempo, mas hoje o xaxim é considerado uma espécie em fase de extinção, sendo legalmente proibida de ser coletada. Esse fato traz algumas controvérsias em relação ao seu uso pelos Mbyá no Tekoá Nhüu Porã. Porém, eles o utilizam apenas para a construção de suas casas e não o comercializam. Isso está coerente com a legislação brasileira através do Estatuto do Índio, que garante o uso exclusivo dos recursos naturais em terras indígenas, segundo seus costumes e tradições, desde que para o seu benefício e não para fins econômicos e comerciais (BRASIL, 2006).

Taquara-mansa (Takuá eteí)

A taquara-mansa (Merostachys clausenii) é uma das espécies de taquara utilizadas pelos Mbyá como material construtivo. Denominada takua eteí em Guarani, que significa “taquarinha verdadeira”, está relacionada a um mito sobre uma heroína divinizada chamada Takuá Vera Chy Ete (CADOGAN, 2003). Além da construção, também é usada para outros fins, como produção do artesanato, instrumentos musicais e, ainda, segundo Cadogan (2003), os Mbyá aproveitam para se alimentar de larvas comestíveis que se desenvolvem periodicamente nos taquarais secos dessa espécie.

Os Mbyá usam a taquara-mansa na forma de feixes macerados (amolecidos por batida) que formam uma espessa camada de cobertura. Além disso, também a utilizam inteiriças ou em tramas como vedação lateral das paredes, recebendo muitas vezes o barro como revestimento. Consideram que é melhor como material construtivo de cobertura do que o capim (capí) ou as folhas de pindó (palmeira) também utilizados para esse fim, segundo Morinico. Esse Mbyá explica que a taquara-mansa na cobertura é mais tradicional que o capim, pois esse é influência da sociedade não-indígena trazida pelos Guarani do Paraguai para o Brasil. Já o no caso do pindó, por ter sua importância na cosmologia Mbyá, suas folhas seriam o material preferido, porém não há em quantidades necessárias para esse fim nas áreas indígena, ao contrário da taquara-mansa. Além disso, Zanin (2006) acrescenta que os Mbyá preferem usar essa taquara por ela ter mais durabilidade do que as folhas de pindó, dependendo da execução e da espessura da camada da cobertura.

No Tekoá Nhüu Porã, as coberturas de taquara-mansa das casas estão com problemas de infiltração de água, sendo necessária atualmente a troca ou o acréscimo de taquaras sobre as existentes para aumentar a espessura da cobertura. Porém, nesse momento, essa espécie encontra-se em período de seca em toda a região de sua abrangência. O cacique desse tekoá explica que terão de esperar oito anos para poderem coletá-la e utilizá-la novamente em suas casas. Segundo Zanin (2006), essa é uma espécie de taquara que floresce de 30 em 30 anos e, durante esse período, os Mbyá ficam de cinco a sete anos sem material para cobrir suas casas. A figura 36 mostra os taquarais secos encontrados ao longo da estrada que leva ao Tekoá Nhüu Porã e o uso dessa espécie como cobertura.



O problema atual da falta dessa taquara foi discutido com o cacique, que se colocou aberto a sugestões e soluções, como a viabilidade de transporte de capim de outro tekoá, por exemplo, já que não há esse recurso no ecossistema local. Outra sugestão foi o que o tekoá vizinho (Tekoá Ka ?aguy Pau) fez para resolver a questão, usando outra espécie de taquara para recobrir a cobertura da casa de reza (opy) da comunidade, no caso o taquaruçu (Guadua angustifolius) que significa “taquara grande” em Guarani. Porém, de acordo com o relato de um Mbyá desse tekoá, foi mais difícil do que a taquara-mansa, pois essa tem grande flexibilidade e pequena espessura, sendo mais fácil e simples de manusear.

Cipó (Yxypó)

O cipó denominado pelos Mbyá de yxypó é uma etnocategoria que define uma gama de espécies de cipós nativos que nem sempre tem correspondência na classificação botânica e que são utilizados na construção e em outras atividades, tais como artesanato, medicina e alimentação (FREITAS, 2004). Algumas espécies têm preferência de uso e são referidas como yxypó ete que significa “cipós verdadeiros” em Guarani, como o cipó guaimbé ou wembe ?pi em Guarani (Philodendron bipinnatifidum), segundo Freitas (2004).

Os cipós são fundamentais como materiais construtivos, pois têm a função de estabilizar a estrutura, com técnicas de encaixe e amarração. Esse papel é ressaltado pelos Mbyá na expressão: “o cipó é nosso prego”, segundo exemplifica Zanin (2006, p.122). Na figura 37 está um dos cipós coletado no Tekoá Nhüu Porã e sua utilização no enlaçamento dos elementos que compõem a estrutura de vigas e pilares da casa de xaxim.



Os Mbyá têm um cuidado e respeito com o manejo dos cipós, assim como qualquer espécie vegetal que coletam nas matas. São encontrados em maiores quantidades em ambientes alterados pelo homem, tais como interfaces de bordas de mata, capoeira e beira de estradas, segundo Freitas (2004). Essa autora explica que os Mbyá têm conhecimentos sobre as formas adequadas de coleta, pois priorizam espécies retas e maleáveis, com o corte feito próximo à altura do joelho para que se mantenha a raiz, permitindo, assim, que brotem de novo (FREITAS, 2004). Ladeira e Felipim (2005, p.45) exemplificam esse fato com o relato de um Mbyá sobre a coleta de cipós em seu tekoá: “A gente tira mais cipó adulto. O novo fica. Com o tempo, aquele que a gente tirou fica bom de novo para tirar. Ele não acaba assim. Ele vem como um ser humano, cada vez mais cresce o cipó”.

Cabe citar que nem todos os tekoá têm acesso às espécies preferenciais de cipó (yxypó eté), pois necessitam de outras plantas em áreas de mata para se apoiarem e crescerem em direção ao sol. Porém, nem todas as áreas indígenas têm áreas de mata com abundância de recursos naturais e, assim, nem todas as casas são construídas com os yxypó eté. Em função disso, os Mbyá acabam buscando alternativas com outros materiais, tais como tiras de tecido e couro reciclados ou pregos e arames comprados. Mas nessas situações, há relatos que apontam os Mbyá pedindo perdão a suas divindades por estarem utilizando elementos que não são tradicionais e sim industriais, os quais consideram “que não tem alma”, como fala Morinico.

Terra crua (Yvy)

A terra crua denominada yvy em Guarani é encontrada em todos os pisos das casas construídas pelos Mbyá, possuindo um valor simbólico essencial na cosmologia Mbyá. Também é usada como revestimento das paredes de pau-a-pique na maioria dos tekoá do RS, chamada de yvy ó (ZANIN, 2006). O uso da terra como piso possibilita o tradicional fogo de chão e como revestimento aumenta o isolamento térmico da casa. No Tekoá Nhüu Porã, todas as casas possuem o piso interno de terra crua, ou melhor, de solo apilonado, o que possibilita o contato direto com o solo, além do fogo de chão. Nesse tekoá também foram identificadas algumas casas com um pouco de terra crua como revestimento de partes das paredes, porém com uso provisório, posto que o padrão local são as paredes de xaxim.

Cabe ressaltar que a terra crua é considerada tão importante quanto qualquer espécie vegetal na perspectiva Mbyá. Cita-se como exemplo a oportunidade do acompanhamento da construção de uma feita pelos Mbyá para ser exposta na Bienal de Arte do Mercosul cidade de Porto Alegre em 2007, a qual se caracterizava por ter paredes de pau-a-pique revestidas de terra – típica dos demais tekoá do RS. A terra do revestimento dessa casa foi retirada do tekoá da capital (Tekoá Anhetenguá) e fora exigida de volta ao mesmo local a fim de retornar à cava feita para sua extração. Os Mbyá justificaram essa exigência explicando que para eles a terra tem um espírito próprio e, assim, esse espírito “deveria retornar ao local de onde saiu”, assim como todas as espécies vegetais que empregam na construção, segundo Morinico - cacique desse tekoá e responsável pela obra.

Assim, os materiais construtivos que os Mbyá empregam em suas construções são considerados mais que elementos funcionais, pois cada espécie vegetal ou mesmo uma parcela de terra crua possui um valor simbólico significativo e específico, de acordo com a perspectiva Mbyá. Constata-se que dão grande importância para as relações entre os elementos que compõe a casa, visto que cada um se refere a entidades que contribuem no processo de criação do espaço construído parta esse povo indígena.

Fonte: http://hdl.handle.net/10183/17025

- Veja também:
Construção de uma casa Mbyá

24 de março de 2010

Livros sobre sustentabilidade comunitária

Alguns livros em português que ajudam as comunidades a se tornarem auto-sustentáveis:

Por Adrian Rupp



Título: Guia Prático Da Auto-Suficiencia
English: The Complete Book of Self Sufficiency
Español: Guia Practica Ilustrada para la Vida en el Campo
Autor: SEYMOUR, JOHN
Editora: MARTINS FONTES
Assunto: AGRONOMIA
Páginas: 262
5ª Edição - 1997
Descrição: Manual bem completo e ilustrado que ensina a plantar, colher, criar animais, fazer fios, fazer sabão, fazer cerveja, etc.
Parte do livro: Como fazer cerveja



Título: A CURA PELAS MÃOS ou A Prática da Polaridade
Autor: Gordon, Richard
Assunto: MEDICINA E SAÚDE
Páginas: 143
Descrição: Livro que ensina uma técnica de cura através das mãos.
Parte do livro: Polaridade - A Cura Através das Mãos



Título: PLANTAS QUE CURAM - MANUAL ILUSTRADO DE PLANTAS MEDICINAIS
Autor: Rigueiro, Moacyr Pezati
Editora: PAULUS
Páginas: 183
Ano de publicação: 1995
Descrição: Este manual explica o uso de mais de cem plantas medicinais
Parte do livro: As Plantas Medicinais



Título: Manual Do Arquiteto Descalço
Autor: VAN LENGEN, JOHAN
Assunto: ARQUITETURA
Número de Paginas : 736
Edição : 2ª / 2008
Descrição: Guia ilustrado que ensina a construir usando a bioarquitetura.



Título: Novo manual de apicultura
Autor: Wiese, Helmuth
Páginas: 291
Descrição: Manual completo e ilustrado para criação de abelhas e produção de mel e geléia real.


Título: O Álcool Combustível - Obtenção e aplicação nos motores
Autor: Paulo Penido Filho
Editora: Nobel
Descrição: Explica o uso do álcool como combustível desde a extração até a utilização nos motores.





Título: Fruticultura em Pomar Doméstico - Planejamento, formação e cuidados
Autor: Ivo Manica (coordenador)
Editora: Rígel
Assunto: AGRONOMIA
Páginas: 142
2ª Edição - 2004
Descrição: Livro que ajuda na produção de frutas.





Título: Onde Não Há Médico
Autor: WERNER, DAVID
Assunto: MEDICINA E SAÚDE - SAÚDE PÚBLICA
Páginas: 440
16ª Edição - 1994
Descrição: Este livro é um guia ilustrado de como resolver vários problemas de saúde.




Título: Parto Sem Dor
Autor: VELAY, PIERRE
Editora: IBRASA
Assunto: MEDICINA E SAÚDE - MEDICINA - GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Páginas: 258
7ª Edição
Descrição: Este livro, mostra que a dor do parto pode ser abolida.





Título: Agricultura Sustentavel
Manual Do Produtor Rural
Conceito do Leitor: Seja o primeiro a opinar
Autor: PRIMAVESI, ANA
Editora: NOBEL
Assunto: AGRONOMIA
ISBN: 8521307306
ISBN-13: 9788521307303
Páginas: 142
Brochura 1ª Edição - 1992
Descrição: Todo o processo de produção agropecuária de forma a preservar o meio ambiente.

- Veja também:
Trabalhos na UFRGS para a sustentabilidade comunitária

Os males da Escrita

11 de março de 2010

Como fazer cerveja



Por John Seymour





Fonte:
Seymour, John, (1988), "Guia Prático da Auto-Suficiência", S. Paulo: Martins Fontes Editora

- Veja também:
Receitas de Geléias

8 de março de 2010

Parto orgásmico: o segredo mais bem guardado

Por Ricardo Herbert Jones

"Se você não sabe das opções que tem é como se não tivesse nenhuma. Espero que Parto Orgásmico seja mais que um filme, seja um movimento. As mulheres devem poder escolher a forma como querem ter seus filhos. Dar à luz é um direito humano."
Debra Pascali-Bonaro, diretora do documentário

Parto orgásmico não só é possível como é muito mais comum do que parece. O debate pode ser recente, mas a possibilidade de se encarar o parto como um evento pleno de prazer é tão antiga quanto a própria humanidade.

Inicialmente, é importante definir do que se trata parto orgásmico, e para tanto inicio explicando o que ele NÃO é. Parto orgásmico NÃO é uma técnica ou um método. Parto orgásmico NÃO é uma moda, uma "new fashion", uma onda. Parto orgásmico NÃO é um produto, algo que se compra ou adquire. Parto orgásmico é um mergulho profundo no ser feminino. É a descoberta do prazer de parir; o segredo mais bem guardado, no dizer da parteira americana Ina May Gaskin. O parto orgásmico é uma possibilidade para qualquer mulher desde que possa se despir das capas de medo criadas pela cultura patriarcal que tenta dominar a força criativa da mulher, culpabilizando-lhe o prazer e domesticando o feminino. Entretanto, as conquistas recentes neste campo abriram as portas para a discussão da sexualidade da "nova mulher pós-pílula" e, como conseqüência, emergiu o debate do parto como parte da vida sexual de qualquer mulher. A partir deste momento, em meados dos anos 80, inúmeros pesquisadores se entregaram ao estudo das características psicológicas, afetivas, emocionais e hormonais relativas ao nascimento e se depararam com constatações no mínimo inquietantes: havia uma similaridade impressionante entre parto e atividade sexual em todos os aspectos analisados. A mesma perda cognitiva, o mesmo apagamento neocortical, a mesma necessidade de privacidade, a mesma confluência circulatória para os genitais e os mesmos hormônios envolvidos.

Algo além do corpo

A ocitocina surgia como o hormônio-chave para a compreensão do fenômeno do parto. Michel Odent, médico francês radicado em Londres o chama de "o hormônio do amor", porque está presente sempre que um momento amoroso se expressa, como no parto e no encontro sexual. Além disso, seu hormônio oposto, a adrenalina, fundamental para o orgasmo, é o mesmo hormônio implicado no reflexo de ejeção do bebê. Fácil fica, para qualquer observador perspicaz, que existe um claro paralelismo entre os eventos do parto e os do sexo, fazendo-nos enxergar pela primeira vez o nascimento inserido nas forças sexuais de uma mulher. Mas tão logo percebemos a sexualidade escondida por detrás dos eventos que cercavam o nascimento, ficou-nos claro que as repercussões desta "nova" visão do nascimento só poderiam ser dramáticas. Já não seria possível encarar o parto como um evento biológico, artificialmente controlado em função das variáveis mecanicistas que são ensinadas na escola médica: feto, percurso e força contrátil. Haveria que se modificar totalmente a percepção do evento que passaria dos domínios do profano para o âmbito do sagrado. Através desta maneira radical de compreensão, tornava-se muito difícil continuar a entender o nascimento humano de uma forma mecanicista, pela evidência inequívoca de que a sexualidade extrapola claramente os limites da corporalidade. Tanto quanto no sexo, existe muito mais no nascimento humano do que o que se pode encontrar no corpo e suas medidas.

Assim sendo, abria-se automaticamente uma nova dimensão no nascimento, qual seja, a indissociabilidade das emoções e sentimentos ao lado dos eventos mecânicos já conhecidos. Ficou evidente que muitas mulheres falhavam em ter seus filhos de uma forma mais natural porque algo além do corpo as impedia. Passamos a entender também que a própria sensação dolorosa estava nitidamente ligada à maneira como tais mulheres "sentiam" o parto, na integralidade dos processos participantes. Elementos muito mais sutis (mas não menos poderosos) do que as células, tecidos e órgãos atuam durante a prática sexual e o trabalho de parto. Caberia a nós, assistentes do nascimento, descobrir onde estavam estas outras "forças ocultas" que, assim como no sexo, alojavam-se em um estrato diferente da nossa consciência superficial.

Desta forma, a sexualidade, o prazer e o orgasmo entravam no discurso de um pequeno grupo de profissionais que percebiam a possibilidade que as mulheres tinham de acessar estas sensações desde que específicas condições ambientais pudessem ser criadas. Tais condições nada têm de complexas, dispendiosas ou caras: trata-se de oferecer-lhes dignidade, privacidade, cuidado respeitoso e carinho. Praticamente as mesmas necessidades que qualquer mulher procura para um encontro de amor.

O orgasmo durante o trabalho de parto pode ter um potente efeito relaxante para a mulher. Algumas mulheres que tiveram orgasmos durante o processo relatam que isso lhes ofereceu um "input" incrementado de ocitocina. Tal influxo hormonal produziu - aparte de uma profunda sensação de bem-estar - a normalização da contratilidade uterina. Entretanto, um orgasmo durante o trabalho de parto não é algo que se busca; não pode ser o foco objetivo deste evento ou algo a ser conscientemente alcançado. Por outro lado, ele pode ocorrer naturalmente quando a mulher, livre dos preconceitos e liberta das amarras do modelo que criminaliza a sexualidade feminina, se permite sentir as sensações que seu próprio corpo lhe oferece.

Mas qual a vantagem de ter parto orgásmico?

Que diferença positiva isso poderia produzir na vida de uma mulher ou um bebê? A este questionamento pode-se responder com uma pergunta: qual a vantagem de uma relação sexual prazerosa, com quem se ama, e que termina com um orgasmo? Um parto orgásmico é essencialmente um direito que cada mulher possui, mas para que um parto com este nível de arrebatamento sexual possa ocorrer é necessário que os profissionais que prestam assistência possam oferecer as condições para que tal ocorra. Se entendermos que as condições para que um parto seja orgásmico são as mesmas para oferecer tranqüilidade e harmonia durante o trabalho de parto, estaremos oferecendo às parturientes uma diminuição do stress e da ansiedade, com uma conseqüente quebra do círculo adrenalínico de medo-tensão-dor, descrito há décadas por Grantly Dick-Read como o principal complicador do processo de nascimento. O orgasmo durante o nascimento só pode ocorrer quando todas as variáveis de segurança, afeto, tranqüilidade e equilíbrio emocional estiverem garantidas. Desta forma, o orgasmo será a conseqüência deste ambiente de positividade, e não sua busca objetiva.

Fica claro para qualquer bom entendedor que este tema não se presta à realização de cursos e "workshops". Como dito anteriormente, parto orgásmico NÃO é uma técnica, um método o uma moda para mulheres burguesas que podem pagar por uma experiência diferente. Parto orgásmico é uma evidência empírica presente na experiência de inúmeros atendentes de parto e milhares de mulheres. A princípio, tal questão assustou alguns profissionais mas depois os instigou a se perguntarem o "porquê" de algumas mulheres o atingirem, enquanto tantas outras apenas tratavam do parto como um evento cercado de medo e dor.

Portanto, não se trata de fazer "cursos para partos orgásmicos", da mesma forma que não se ensina a uma mulher, através de aulas teóricas ou cursos, como atingir um orgasmo. É algo de sua experiência íntima, pessoal, assim como de sua história de vida. Os aspectos sexuais do nascimento são pesquisados por grupos em muitas partes do mundo, principalmente no Primal Health Institute, dirigido pelo médico francês Michel Odent. Entretanto, a oficialidade médica obstétrica nega as dimensões sexuais do parto de maneira veemente. Tal negativa é fácil de entender, porque no meio acadêmico tradicional tal reconhecimento causa mal estar. Como questionar os pilares positivistas de nossa sociedade colocando o nascimento no mesmo patamar da sexualidade, com todos os seus tabus e mistérios? Como alçar o nascimento humano a esta posição sem, ao mesmo tempo, e inexoravelmente, colocar a mulher e o feminino em evidência, pois que estes fenômenos ocorrem na intimidade de seus corpos?

A proposta se mostra tremendamente complexa: encarar parto como encaramos o sexo nos obrigaria a uma reverência especial, para a qual nunca fomos habituados. Olhar a cena de parto, escutar seus sons e seus gestos como movimentos plenos de sentido erótico nos parece desconfortante, e nos levaria a questionar nossa própria sexualidade. Isso nos provoca pânico.

É impossível adentrar este novo universo aberto pela dimensão sexual do parto sem colocar em cheque toda a estrutura autoritária que governa o nascimento humano. Seria impossível introduzir uma mudança conceptual de tal magnitude sem causar uma grave conturbação, pois que ela questionaria a própria estrutura patriarcal da sociedade. Parto orgásmico é uma discussão e um desafio. Encarar a sexualidade feminina de uma forma mais ampla e complexa é uma forma de questionar a própria estrutura da sociedade em que estamos inseridos. Para isso é necessário coragem, determinação e amor pelo feminino. Combater o preconceito de frente é algo para os valorosos de espírito, e para aqueles que encaram a liberdade como meta última.

Ricardo Herbert Jones
Obstetra e homeopata, integrante das redes ReHuNa (Rede pela Humanização do Parto e Nascimento - Brasil), HumPar (Rede pela Humanização do Parto - Portugal) e IMBCI (International Motherbaby Childbirth Organization) rhjones@bol.com.br
PORTO ALEGRE/RS







Fonte:
www.orgasmicbirth.com/files/u1/OrgasmicBirth-Absoluta-Online.pdf

- Veja também:

Como ter um orgasmo durante o parto
Parto Ecológico, uma realidade possível

4 de março de 2010

Trabalhos na UFRGS para a sustentabilidade comunitária

Por Adrian Rupp

Seleção de 10 trabalhos do repositório digital da UFRGS com informações úteis para a sustentabilidade comunitária. O textos completos dos trabalhos podem ser encontrados nos links correspondentes.

Abrigo na natureza : construção Mbyá-Guarani, sustentabilidade e intervenções externas
Autor: Zanin, Nauíra Zanardo
Link:
http://hdl.handle.net/10183/10697

Resumo:
A partir da realidade encontrada em algumas comunidades da etnia Mbyá-Guarani do Rio Grande do Sul aborda-se a relação entre as construções autóctones, a sustentabilidade e as intervenções habitacionais externas. Nestes locais, de acordo com a região, são desenvolvidas diferentes soluções construtivas, utilizando os materiais disponíveis e respeitando os preceitos culturais. Porém, existem dificuldades de acesso aos recursos naturais necessários às construções. Para resolver a falta de moradias, o Governo do Estado vem realizando intervenções habitacionais, utilizando o método de desenho social participativo. Contudo, os Mbyá- Guarani seguem construindo suas casas tradicionais ao lado das intervenções. Esta dissertação tem como objetivo principal analisar comparativamente as diferentes tipologias habitacionais (a autóctone e a proveniente de intervenção externa), observadas em oito comunidades Mbyá-Guarani do estado. Como objetivos intermediários buscou-se caracterizar a situação habitacional atual e tipologias autoconstruídas observadas nas comunidades; identificar a percepção dos Mbyá-Guarani sobre as tipologias autóctones, abordando aspectos culturais, conforto, materiais e processo construtivo; apreender a visão de sustentabilidade dos Mbyá-Guarani, para analisar, adicionando os referenciais teóricos, a relação entre sustentabilidade e as construções autóctones; e identificar a percepção dos Mbyá-Guarani e não-indígenas sobre as intervenções externas. Para atingir tais objetivos, a coleta de dados em campo envolveu observações, entrevistas e levantamentos. Ao final, considera-se que as intervenções externas, apesar de necessárias, alteram o comportamento dos usuários, levando à perda da autonomia. Por outro lado, as construções autóctones fortalecem o nhande rekó (modo de vida Mbyá-Guarani). Contudo, são necessárias medidas que garantam a etno-sustentabilidade, visando viabilizar a continuidade destas construções. O reconhecimento de que as soluções autóctones respondem às necessidades culturais - sendo os Mbyá-Guarani os maiores conhecedores das técnicas, dos materiais e da importância simbólica de suas habitações - permite que as políticas públicas atendam com maior eficiência as demandas dessas comunidades. Esta é uma pesquisa inédita nesta região do país e neste núcleo de pesquisa, e vem atender uma lacuna no conhecimento, oferecendo subsídios para futuras intervenções em comunidades indígenas.



Plantas alimentícias não-convencionais da região metropolitana de Porto Alegre, RS
Autor: Kinupp, Valdely Ferreira
Link:
http://hdl.handle.net/10183/12870

Resumo:
Muitas espécies de plantas espontâneas ou silvestres são chamadas de “daninhas”, “inços”, “matos” e outras denominações reducionistas ou pejorativas, pois suas utilidades e potencialidades econômicas são desconhecidas. No Brasil não se conhecem estudos sobre o percentual de sua flora alimentícia e poucas espécies nativas foram estudadas em relação à composição bromatológica e avaliadas sob o aspecto sensorial e fitotécnico. Visando minimizar parte destas lacunas foi executado o presente estudo na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), Rio Grande do Sul. Realizaram-se consultas aos herbários da região e revisões bibliográficas exaustivas tanto do aspecto florístico da RMPA quanto da literatura sobre plantas utilizadas na alimentação humana. As análises bromatológicas, dos minerais e sensoriais foram realizadas de acordo com os protocolos usuais e os cultivos e manejos experimentais foram realizados dentro dos preceitos agroecológicos, em parceria com uma produtora rural. Estimou-se a riqueza florística da RMPA em 1.500 espécies nativas, sendo que 311 delas (21%) possuem potencial alimentício. Destas, 153 (49%) são acréscimos à maior listagem mundial do tema e 253 (76%) foram consumidas e ou experimentadas no presente estudo. Desta flora alimentícia foram selecionadas 69 espécies (22%) para análises dos minerais e proteínas das partes de interesse de alimentício; quatro outras espécies de grande potencial (Acanthosyris spinescens, Melothria cucumis, M. fluminensis e Vasconcellea quercifolia) tiveram suas composições bromatológica e mineral determinadas e foram caracterizadas em relação a aspectos biológicos e ou fitotécnicos e duas espécies (M. cucumis e V. quercifolia) foram avaliadas sensorialmente. Os estudos realizados mostraram o inequívoco potencial alimentício de um número significativo de espécies autóctones subutilizadas, cujo aproveitamento econômico poderá contribuir para o enriquecimento da dieta alimentar humana e o incremento da matriz agrícola brasileira e ou mundial.



Arquitetura Mbyá Guarani na Mata Atlântica do Rio Grande do Sul : estudo de caso do Tekoá Nhüu Porã
Autor: Prudente, Leticia Thurmann
Link:
http://hdl.handle.net/10183/17025

Resumo:
A arquitetura indígena é uma das mais importantes fontes de referência de construções realmente sustentáveis em diferentes aspectos: ambiental, social, cultural e econômico. Os povos indígenas seguem uma visão de mundo mais integral na relação entre homemnatureza e, assim, contribuem para a revisão de conceitos e princípios dos atuais paradigmas socioculturais da sociedade moderna envolvente. Os Mbyá-Guarani conservam fortemente sua cultura material com princípios que condizem com uma arquitetura sustentável, utilizando materiais, técnicas, sistemas e processos construtivos de baixo impacto ambiental. Nesse sentido, assim como outros povos indígenas, seguem lutando pela preservação dos ambientes naturais, espaços onde estão os elementos simbólicos e materiais necessários para a reprodução de sua cultura. Porém, são poucas referências e estudos sobre a arquitetura indígena, devido a pejorativos históricos que levaram à sua desvalorização. Além disto, há uma invisibilidade social de povos existentes ainda hoje, principalmente na região sul do Brasil. Esta pesquisa visa suprir essa lacuna acadêmica, abordando o universo da arquitetura do povo Mbyá-Guarani no Rio Grande do Sul, baseada no estudo de caso do Tekoá Nhüu Porã - terra indígena inserida em área de Mata Atlântica, localizado no município de Maquiné. Nesse local, há abundância de recursos naturais tradicionalmente empregados, onde os Mbyá desenvolveram uma tipologia arquitetônica singular no Estado, empregando o xaxim como material construtivo. Objetivo: caracterização da arquitetura Mbyá-Guarani, com base em princípios de sustentabilidade e em espaços sócio-ambientais apropriados. Metodologia: baseada no método etnográfico e dimensões de sustentabilidade, considerando princípios e conceitos etnológicos desse povo indígena. Resultados: contextualização físico-espacial da área habitacional; descrição da tipologia arquitetônica, por meio dos materiais, técnicas, sistemas e processo construtivo; e análise da sustentabilidade da tipologia construtiva. Espera-se que o reconhecimento da arquitetura Mbyá-Guarani contribua para políticas públicas mais adequadas às especificidades desse povo indígena, bem como amplie a discussão sobre comunidades sustentáveis através da compatibilização entre o saber acadêmico e do saber autóctone.



Agroecologia, sustentabilidade e os pescadores artesanais : o caso de Tramandaí (RS)
Autor: Cotrim, Décio Souza
Link:
http://hdl.handle.net/10183/14270

Resumo:
A presente dissertação de mestrado se concentrou na análise da comunidade de pescadores artesanais de Tramandaí-RS. A complexidade do objeto de estudo levou a opção metodológica do uso do enfoque sistêmico para a operacionalização da pesquisa. A adaptação da teoria de sistemas agrários para o trabalho com pescadores foi o caminho escolhido. Desta forma, através da reconstituição da evolução e diferenciação de sistemas pesqueiros foi possível a identificação de quatro fases, ou sistemas pesqueiros, que constituíram os momentos de desenvolvimento comunitário com características próprias e diferenciais. No último sistema pesqueiro, o contemporâneo, foi realizada uma divisão tipológica dos atuais sistemas de produção na pesca e as suas descrições. Foram encontrados seis sistemas que se diferenciaram entre eles por peculiaridades de seus sistemas técnicos de captura, de suas estratégias de reprodução social ou por sua relação com a Natureza. Após a identificação e descrição dos sistemas de produção foi realizada uma análise da sustentabilidade com base em indicadores sociais, econômicos, ambientais e políticos que foram construídos fundamentados na Agroecologia. O método de avaliação da sustentabilidade lançou mão de biogramas e índices para auxiliar a compreensão das implicações sistêmicas do tema.



Avaliação de habitação de interesse social rural, construída com fardos de palha, terra e cobertura verde, segundo critérios de sustentabilidade
Autor: Bohadana, Ingrid Pontes Barata
Link:
http://hdl.handle.net/10183/12576

Resumo:
Proposta: o setor da construção civil é responsável por grande parte do consumo de energia e recursos e da geração de resíduos, provocando impactos significativos sobre o meio ambiente. Algumas alternativas para se construir, reduzindo os impactos, envolvem o uso de materiais renováveis, como a palha, e de materiais minimamente processados, como a terra. Contudo, estes materiais pouco são referidos nos sistemas de classificação de edifícios ambientalmente amigáveis. Muitos edifícios, rotulados como sustentáveis, apenas refletem esforços para reduzir a energia incorporada e são, em muitos outros aspectos, convencionais. Objetivo: considerando a lacuna identificada, o objetivo deste trabalho é realizar uma avaliação de sustentabilidade de uma habitação de interesse social, construída no meio rural, com fardos de palha, terra e cobertura verde. Metodologia de pesquisa: a estratégia geral de pesquisa utilizada foi o levantamento de um caso. A definição dos critérios de avaliação foi embasada naqueles tradicionalmente incluídos em métodos existentes, porém as formas de caracterização foram adaptadas a dados e procedimentos acessíveis ao contexto nacional. Além de critérios ambientais, foram incluídos outros, econômicos e sociais, devido à importância de uma abordagem pluridimensional. A apresentação dos resultados dos critérios ambientais em três escalas (da edificação, dos subsistemas e dos materiais) permite identificar os subsistemas e materiais com maior potencial de impactos, explicitando os pontos fracos da habitação, além de facilitar a comparação, total ou parcial, com os resultados obtidos em pesquisas semelhantes. Resultados: verificou-se a incorporação de grande quantidade de materiais que produzem emissões tóxicas, além de apresentarem um alto consumo energético para transporte. Em contrapartida, devido à utilização, predominante, de recursos pouco processados, identificou-se um baixo dispêndio de energia para manufatura de materiais e um potencial de reaproveitamento satisfatório. Os custos iniciais da edificação são baixos, em relação a habitações de interesse social construídas com materiais convencionais, e medianos, em relação àquelas que empregam materiais não convencionais. Em termos sociais, verificou-se que as soluções adotadas são adequadas para a autoconstrução e para o resgate da capacidade de trabalho em mutirão, e que o projeto não atende requisitos mínimos de acessibilidade.



Viabilidade de microcentrais hidrelétricas baseadas no emprego de equipamentos de mercado
Autor: Beluco, Alexandre
Link:
http://hdl.handle.net/10183/13835

Resumo:
Esta dissertação analisa a viabilidade de reduzir custos de implantação de microcentrais hidrelétricas, com o emprego de equipamentos de mercado como alternativa aos que são tradicionalmente empregados. A exposição é efetuada em três etapas, construída de maneira a fornecer subsídios para que pessoas não especialistas possam atuar no processo de implementação de aproveitamentos hidrelétricos de pequeno porte. Em primeiro lugar, em caráter introdutório, é caracterizado o conjunto de opções atualmente disponíveis no mercado, entre os equipamentos eletromecânicos, para geração de energia por meios hídricos. Na segunda etapa são apresentadas alternativas que proporcionam reduções nos custos, são tecidas considerações sobre o uso destes equipamentos e é efetuado um estudo experimental sobre geração assíncrona independente. Os equipamentos de mercado considerados, as bombas centrífugas e os motores de indução (ambos utilizados em modo reverso), são produzidos em grande número, com economia de escala, o que garante facilidades nos processos de instalação, operação e manutenção, e são robustos e resistentes, o que favorece a aplicação em locais de difícil acesso. Também foram consideradas as turbinas Michell- Banki que, mesmo não sendo produzidas com economia de escala, são de construção e operação fáceis e apresentam custos reduzidos. O estudo experimental, realizado no LME da UFRGS, teve por objetivo determinar as características de funcionamento de motores de indução como geradores, preenchendo uma lacuna existente nas informações sobre o comportamento dessas máquinas e fornecendo subsídios para o estabelecimento de metodologias de controle de tensão e freqüência. A terceira e última etapa, conclusiva, consiste em um rápido estudo de viabilidade, onde é efetuada uma comparação de custos e é demonstrada a extensão dos benefícios obteníveis com o emprego das alternativas consideradas. Os equipamentos analisados, em sua totalidade, proporcionam reduções nos custos, que em alguns casos podem ser de até 80% do investimento que seria originalmente comprometido com equipamentos tradicionalmente empregados. Apesar do sistema de controle não ser trivial e de proporcionarem, em média, menores valores de rendimento, o menor capital inicial representa grande incentivo à utilização das alternativas apresentadas. As propostas analisadas podem ser empregadas tanto para viabilizar o fornecimento de energia em áreas remotas quanto para estimular a autoprodução (em funcionamento interligado), com a possibilidade de venda da energia excedente às concessionárias; em ambos os casos, a instalação de uma microcentral hidrelétrica pode incentivar a mobilização de recursos produtivos e a criação de oportunidades econômicas junto à comunidade consumidora.



Avaliação ambiental do uso de energia eólica para usuários de pequeno porte
Autor: Barbosa, Ana Carolina Lourenzi
Link:
http://hdl.handle.net/10183/18065

Resumo:
Este trabalho consiste de um estudo de avaliação ambiental do uso de energia eólica para usuários de pequeno porte. Foi realizada uma comparação da energia eólica com outras fontes de energia renovável e se verificou que existem muitas vantagens desta fonte de energia em relação às demais, principalmente porque esta é uma fonte isenta de poluição e é praticamente inesgotável. Constatou-se por meio de uma avaliação financeira dos valores dos equipamentos oferecidos por empresas presentes no mercado e o valor cobrado pela energia por uma concessionária fornecedora de energia no Estado do Rio Grande do Sul que é viável a implantação de energia eólica para usuários de pequeno porte. Deve ser considerada que esta viabilidade é dependente da realização de um projeto que analise as variáveis do local e as especificações do equipamento que será instalado e disso depende a eficiência da produção da energia. Uma gestão sustentável nas empresas não só trás vantagens competitivas no mercado como também aumenta a eficiência e o lucro das organizações.



A "comida da roça" ontem e hoje : um estudo etnográfico dos saberes e práticas alimentares de agricultores de Maquiné (RS)
Autor: Ramos, Mariana Oliveira
Link:
http://hdl.handle.net/10183/11918

Resumo:
A partir do registro etnográfico do cotidiano e de memórias relacionadas à alimentação de famílias de agricultores do município de Maquiné, litoral norte do Rio Grande do Sul, foram identificadas mudanças ocorridas na alimentação desses grupos nos últimos 30 anos. Para tal, foram utilizados como instrumentos de pesquisa: observação participante, diário de campo, registros fotográficos, entrevistas coletivas e histórias de vida. Como resultados, o trabalho aborda diferentes aspectos da comida para a família no mundo rural, ontem e hoje. Um primeiro aspecto diz respeito à redução da produção para o autoconsumo e da diversidade de alimentos consumidos, evidenciadas pelo abandono de cultivos (como do arroz e do trigo), pela substituição de sementes (caso do milho, cuja semente híbrida não faz “farinha boa”), pela redução no consumo de milho e de tubérculos (como o cará e o inhame), pelo aumento no consumo de carnes (especialmente de gado) e, sobremaneira, pelo aumento da participação da comida de mercado no cardápio cotidiano das famílias, o que ilustra dimensões do processo de modernização da agricultura e da alimentação de famílias locais. Além de mudanças em aspectos materiais da alimentação, a análise dos dados também explorou as relações entre comida, identidade e sociabilidade, para as quais participaram dados de duas festas do município etnografadas: a Festa da Polenta (“festa típica” do município) e a Festa de São José (festa tradicional da comunidade do Pinheiro). Nesse sentido, contradições na valorização de alimentos que carregam o símbolo do rural foram evidenciadas. Agricultores com distintas trajetórias de vida exprimem percepções também distintas em relação à auto-suficiência alimentar e a um passado em que esta não era uma questão de escolha, mas sim de sobrevivência. Ao sugerir que a comida da cidade é fraca sem que isso implique em uma recusa dos alimentos industrializados, que também são consumidos pelas famílias, os agricultores revelam a percepção de fronteiras entre os espaços rural e urbano, delimitadas por saberes, práticas e valores próprios de uma tradição rural que permanece.Por fim, um último aspecto da comida investigado identifica critérios locais que participam da escolha e classificação dos alimentos, delineando uma noção de comida boa fortemente relacionada a qualidades atribuídas à comida do gasto, como a força e a pureza. Assim, ainda que simbolize um passado áspero e severo para alguns, ou em alguns momentos, a produção para o autoconsumo também representa o acesso a um alimento de qualidade para essas famílias, chamando a atenção para seu significado do ponto de vista da segurança alimentar e nutricional nesses grupos rurais. O estudo finda apresentando a comida da roça a partir de elementos materiais e simbólicos que a compõem atualmente e que abarcam elementos de mudança social, salientando a relevância dos saberes e práticas alimentares na conformação do rural e da agricultura familiar hoje.



Diversificação dos meios de vida e mercantilização da agricultura familiar
Autor: Perondi, Miguel Angelo
Link:
http://hdl.handle.net/10183/11009

Resumo:
Num contexto de estresse ambiental decorrente da estiagem de 2005, crise econômica em função da baixa renda das ocupações e crise social sinalizada pela diminuição da população de uma região produtora de commodities agrícolas e, partindo-se do pressuposto que o desenvolvimento rural resulta da capacidade de diversificação econômica dos agricultores familiares, formulou-se a seguinte questão: “A dependência na produção de commodities agrícolas reduz a capacidade de diversificação da agricultura familiar e, consequentemente, sua sustentabilidade?” Se a resposta for afirmativa, então “Como o processo de mercantilização interfere na capacidade de diversificação dos meios de vida no meio rural?” O município de Itapejara d’Oeste - região Sudoeste do Paraná – reune as favoráveis condições de pesquisar esta questão, pois, além de apresentar predominância das commodities agrícolas na economia local, possui potencial para desenvolver a pluriatividade intersetorial e a agregação de valor no meio rural.Esta pesquisa permitiu identificar a composição da renda agrícola, extra unidade de produção agrícola e não-agrícola, estimar a diversidade da renda e a sustentabilidade dos meios de vida no meio rural, tipificar e avaliar as trajetórias de diversificação dos agricultores familiares. Concluiuse que a renda foi maior nas famílias com mais diversidade; que uma maior diversidade de renda corresponde a um meio de vida rural mais sustentável; e que as famílias que agregam valor e¤ou são pluriativas possuem uma renda maior e um meio de vida mais sustentável que as famílias que lidam somente com commodities agrícolas e¤ou são beneficiadas pela assistência social. Por fim, foi possível perceber algumas prováveis transformações da agricultura familiar do município e região.



Estudo etnobotânico das plantas medicinais na cultura ítalobrasileira no Rio Grande do Sul
Autor: Koch, Virginia
Link:
http://hdl.handle.net/10183/1814

Resumo:
Através do Estudo Etnobotânico realizado em uma comunidade de imigração italiana do município de Riozinho/RS, resgatou-se conhecimentos sobre práticas de cultivo e divisão de trabalho dentro do contexto da agricultura familiar, através de entrevistas com as 40 famílias que formam a mesma. Esta metodologia permitiu a criação de um modelo de “Horto” para o cultivo de plantas medicinais em escala comercial, onde foram cultivadas e avaliada a produtividade de 21 espécies. A interação agricultores e pesquisadores permitiu validar as técnicas de manejo e a força de trabalho familiar existentes na comunidade. As avaliações feitas sobre o rendimento das plantas medicinais cultivadas mostram que estes são compatíveis com as expectativas dos rendimentos comerciais. O conjunto dos dados permite concluir que o cultivo de plantas medicinais dentro deste modelo proposto é viável para a agricultura familiar na referida comunidade.


- Veja também:
Comunidades em Clima subtropical
Informática Sustentável
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